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domingo, 23 de dezembro de 2007

Representantes dos inimigos de Davi

Discurso de Formatura da Turma 85 do Curso de Técnico em Agropecuária Orgânica – Colégio Técnico da UFRRJ/2007.

Excelentíssimas autoridades presentes, Colegas formandos, padrinhos, pais, mães, e demais convidados.

Somos hoje aqui: alunos de tudo, professores de nada e eternos aprendizes.
Desfaleçam-se as descrenças. Sintam-se vencidos os desafios.

Há meses, quando fomos escolhidos para aqui na frente representar o pensamento dos que ora se formam, começamos a pensar sobre o que diríamos dizer. A primeira idéia que nos apareceu foi a de basear nossa fala em algum pensamento bonito, sábio, critico e bem apresentado, pois discursos, geralmente, são iniciados assim. Começamos, então, a manusear Dicionários de Citações e Enciclopédias de Pensamentos. Por incrível que pareça, o dito pensamento, sábio e bonito, com que iniciaria nosso discurso nesta noite não apareceu.
Quando estávamos sem idéia de como principiar o nosso falar e sem idéias de como desenvolvê-lo, que nos deparamos com um discurso de orador de turma de formandos de 1961, ano em que alguns colegas aqui iniciavam suas vidas. Ele se baseou no primeiro versículo do Salmo 124: "Se não fôra o Senhor que esteve ao nosso lado...".
Veio-nos então a idéia de nos basearmos também na Bíblia para o nosso discurso hoje. Enfim, não é a Bíblia a fonte da mais profunda sabedoria, a revelação divina ao homem? Certo dia, enquanto líamos a Palavra de Deus, notamos de um versículo “O senhor é meu Pastor e nada me faltará” e nesse Salmo alguma coisa nos avisou: — “Aí está o discurso de formatura da Turma 85 do CTUR do ano 2007”.
No desenvolver do curso e em suas disciplinas, falávamos de Grandes Culturas, de Irrigação, de pequenos, médios e Grandes animais, (Burros e Mulas), foram horas de sono perdido e dificuldade de aprender. A pressa do conhecimento que outrora nos faltou, nos fez ser críticos e radicais, fizemos cobranças daquilo que era nosso, para alguns, justo e para outros, entendido como ato de indisciplina, “Uns encurvam-se e caem, mas nós nos levantamos e estamos de pé". Estes são os versículos número 7 e 8 do Salmo vigésimo.
Quando Davi escreveu essas palavras, estava em guerra, sentia diante de si e de sua nação o rumor de povos inimigos que, poderosos na luta corporal, possuíam ainda a vantagem de contar com carros e cavalos na batalha. Davi confiava Deus, mais que nos carros e cavalos dos inimigos. Davi, milhares de anos antes, já pensava como São Paulo: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?”.
Nunca haverá verdadeira vitória sem batalha, apesar de existir muita batalha em que não há vitória.
Acabamos de combater este curso e hoje conseguimos a vitória. Mérito nosso? De modo algum, porque se o Senhor nosso Deus não tivesse abrilhantado as mentes de nossos Professores e não os colocasse em nossos caminhos e ao nosso lado, nada disso teríamos conseguido.
Gostamos, porém, de provar aquilo que dizemos. Será que Davi tinha razão para colocar tão grande confiança em Deus, tinha razão para crer tão firmemente na vitória confiado apenas na ajuda e proteção divina? Ignorando aqueles que usaram carros e cavalos contra nós?
Os povos inimigos de Israel possuíam, como arma de guerra, carros puxados por cavalos e com foices nas rodas, carros esses que cortavam homens e ceifavam vidas como se corta a grama e se ceifa o trigo. Possuíam milhares de cavaleiros que, armados, poderiam pisotear e esmagar pobres israelitas para quem um simples escudo valeria de pouca coisa. Valeria a pena confiar em um Deus invisível, quando armamentos visíveis e palpáveis vinham prontos para destruir tudo?
Esses inimigos de Davi podem não estar presentes aqui hoje, mais sim, os seus representantes, que usaram o poder público com prepotência, não se sabe por que desejaram para que nos não estivéssemos presente aqui.
Sei que não foi unânime a nossa escolha como oradores, talvez esses que foram contrários, tinham o receio de que carros e cavalos ceifassem suas vozes e pudessem ser vitimas dos representantes dos inimigos de Davi.
Davi, contudo, tinha razões para dizer o que disse. Por quê?
PRIMEIRO: Porque a história do povo de Israel, no passado, provava que Deus realmente merece confiança. E nós merecemos, pois estamos aqui hoje; Fôra Deus quem, com forte mão, tirara o povo da escravidão do Egito, e quando os egípcios, com carros e cavalos, vieram após eles, valeu mais a confiança em Deus, que sobre os perseguidores fechou o Mar Vermelho. CARROS — apodreceram no fundo do mar; CAVALOS — matou-os a água; HOMENS — jazeram mortos, boiando na superfície do mar. E DEUS? — DEUS GUIAVA SEU POVO e nos guiou até aqui hoje; Outra vez os Filisteus reuniram-se para atacar os israelitas e estes temeram. Samuel, porém, orou a Deus e ofereceu sacrifícios e "o Senhor trovejou com tão grande trovoada que aquele dia aterrou os filisteus, que fugiram perseguidos pelos homens de Israel”.
SEGUNDO: Davi, porém, podia afirmar o que afirmou, não só pela experiência do passado, mas pela sua própria experiência. Desde cedo ele experimentara a mão de Deus o ajudando, desde cedo aprendera confiar em Deus e nós aprendemos com ele e estamos aqui. Tinha, portanto, Davi, então rei de Israel, razão vinda da experiência quando dizia: "Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor, nosso Deus.”.
Mas poderemos nós, formandos de 2007, dizer também isto? Temos nós razões? Como Davi, temo-as de sobra. De fato aprendemos que a confiança em Deus é milhares de vezes mais valiosa que a confiança em homens e em coisas terrenas. As fontes terrenas de confiança são várias, mas ao mesmo tempo mostram, pela sua inconstância, pelo seu poder limitado, pela sua breve duração, que são falhas, que em um momento ou outro nos podem faltar. Mas, dizíamos, aprendemos a confiar em Deus pelas mesmas razões que Davi aprendeu.
PRIMEIRO: Porque a experiência daqueles que por aqui já passou, daqueles que nesta casa um dia já "queimaram suas pestanas", nos ensinou que compensa confiar em Deus, mesmo quando as coisas parecem ir de mal a pior, quando ainda existem representantes dos inimigos de Davi. Poderíamos citar outros exemplos, mas cremos que muitos aqui conhecem fatos similares, e são esses fatos, que nos fazem dizer como o salmista. Mas não é só.
SEGUNDO: A nossa própria experiência também nos autoriza a dizer: "Faremos menção do nome do Senhor, nosso Deus". Esses fatos são de nossa experiência, da experiência de cada um dos colegas, direcionadas principalmente aos jovens formandos.
Temos, por isso, razões para repetir as palavras do grande rei Davi, o homem "segundo o coração de Deus". Fatos que o autorizaram a dizer aquilo no passado, autorizam-nos, da mesma maneira, a dizer o mesmo neste dia em que nos alegramos pela conquista desta vitória. Foi uma vitória que se seguiu a um combate, duro, na verdade, difícil de ser combatido, pois realizou-se em campos de batalha ásperos, pedregulhosos, ressequidos, com armas que muitas vezes não foram as melhores, mas tínhamos e ainda temos o Senhor dos exércitos como Comandante e nossos Professores como guias e capitães de lutas, e um deles disse:"O homem é produto do que come se come mal vive mal, se come bem vive bem”. E soubemos comer bem e saborearmos os seus ensinamentos.
Nós, que no início não encontrávamos idéias para iniciar e desenvolver nosso discurso, acabamos falando demais. Amanhã será um novo dia, e com ele começará uma nova etapa.
Obrigado e boa noite a todos.
Que a paz esteja em nossos corações.

João Felix Vieira
Turma 85/2007

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