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sexta-feira, 21 de março de 2008

MULA MANCA


Apesar das tradições estudantis, acho o trote uma fraqueza de espírito, as conseqüências podem não ser muito boa, exemplo são: Em 1980, Carlos Alberto de Souza, de 20 anos, calouro do curso de Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes (SP), morreu de traumatismo crânio-encefálico, resultante das agressões praticadas por estudantes veteranos. Em 1990, George Mattos, de 23 anos, calouro do curso de Direito da Fundação de Ensino Superior de Rio Verde (GO), morreu de uma parada cardíaca quando tentava fugir de veteranos que iam lhe aplicar um trote. Em 22 de fevereiro de 1999, o estudante Edison Tsung Chi Hsueh tornou-se conhecido quando foi vítima de trote com conseqüências fatais. Esse calouro de família chinesa, aprovado na Faculdade de Medicina da USP, faleceu nesta data, afogado em uma piscina. Os calouros, sabendo que serão vítimas do trote, tomam atitudes de forma a evitá-lo. Alguns, por exemplo, só começam a estudar depois de algumas semanas, ainda que isto lhes prejudique os estudos. Parte das instituições de ensino (Rural por exemplo) baniu o trote ou o substituiu pelo trote solidário (também chamado de trote cidadão em algumas partes do Brasil), no qual o calouro doa sangue, planta árvores ou faz trabalho comunitário, conhecendo a forma de vida de alguma comunidade carente na cidade onde está a instituição. Também é comum algumas escolas formarem salva-calouros, veteranos fiscais que se voluntariam para controlar o nível dos trotes. Ainda assim, a melhor forma de evitar o trote é não submeter-se a ele. Se o calouro perceber que o nível do trote esta ameaçando sua saúde física e/ou mental, ele deve imediatamente, a qualquer custo, retirar-se das atividades de trote e, se assim for de acordo com sua vontade, reportar a um responsável a ocorrência de tal atividade, uma vez que hoje a maioria das instituições de ensino superior no Brasil existe departamentos para coibir atividades de trote que estejam prejudicando os calouros.
Segundo Van Gennep, criador do conceito, os ritos de passagem podem ser classificados em três grupos principais: Separação (funerais, etc); Agregação (casamento, etc); Margem (iniciação, etc).
Conforme indica, "as fronteiras entre tais ritos não são estanques, e sim dinâmicas; um comumente, implica um outro" (Van Gennep, 1978, p. 31). Portanto, do ponto de vista da antropologia cultural, o trote se classifica como um rito de passagem de margem e permite que sejam extraídas quatro conclusões preliminares (Vasconcelos, 1993, p. 14-15): O trote é um cerimonial que está entranhado no seio da cultura acadêmica; O caráter iniciático do trote é confirmado por todos os seus participantes; O trote representa um ritual de violência e agressão contra o calouro; O trote é um rito de passagem às avessas, representando uma prática oposta aos valores humanistas da universidade. Para finalizar, da mesma forma, denominar o calouro de bixo (ou bixete, se for mulher), parece querer indicar "que o calouro deve ser humilhado a ponto de nem mesmo merecer que a palavra bicho seja escrita corretamente" (Zuin, 2002, p. 44).

Diante disso, em minha opinião, os que insistem nessa grotesca brincadeira de mau gosto, são fracos de espírito ou verdadeiros MULA MANCA.

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